Uma cantiga para o dia das mães
Não é uma cantiga para as mães,
É para o dia delas, simplesmente.
Não. Não é isso, não.
Não é o dia delas,
É o dia que se aproveita delas,
Em que exploram
O amor dos filhos por elas.
Nesse dia,
Que das mães nada tem
Além do nome,
Nesse dia,
O amor mais puro,
O amor sublime
É vilipendiado
E vira instrumento da ambição,
Do lucro sem limite.
Mães e filhos,
À mercê dos controladores
Do comportamento e da consciência do povo
Que eles chamam pejorativamente “galera”.
Esse dia, dito das mães,
Para as mães não foi criado.
Não foi criado para homenageá-las,
Foi criado para engordar contas bancárias
De empresários,
Que a peso de ouro
Vendem em forma de presentes
O amor que tem o filho
À veneranda figura materna.
Dia das mães e dia de Natal
É algo meramente comercial.
Não raramente, passada a festa,
A mídia destaca:
Este foi o melhor dia das mães
Dos últimos anos.
As vendas cresceram tanto por cento.
E a economia comemora.
Comemoram também
As agências publicitárias,
Pois que delas é boa parte do lucro,
Uma vez que promovem as vendas
E as fantasias de filhos e mães.
Ou, nos insucessos, lamenta,
Em tom de censura ao Governo:
Este foi o pior Natal dos últimos x anos.
As vendas despencaram x%.
Mas tudo isso nada obstante,
Existe um dia das mães,
Um dia consagrado ao amor materno,
Esse amor incondicional
Que nada pede e tudo dá.
Esse dia das mães
É cada dia de cada ano,
De cada século,
De cada milênio,
Desde EVA até a derradeira mulher
Que parir um filho, neste planeta. |